Regueifa Doce
Tenho um fraquinho por livros de doces, bolos e sobremesas em geral. Acho que não é novidade ;)
Não é de estranhar, por isso, que traga a esta rubrica o mais recente livro de Cristina Manso Preto, cujo título é, precisamente, "Doces - Para os pequenos e grandes momentos da vida".
Estando nós a poucos dias da Páscoa, e tendo o livro um capítulo inteiramente dedicado a este momento do nosso calendário festivo, achei que era a escolha ideal!
Regueifa Doce ou Pão Doce: um clássico nas mesas de Páscoa
Editado pela Porto Editora, o livro "Doces", de Cristina Manso Preto, reúne mais de 80 receitas, divididas pelos seguintes capítulos:
• Bolos
• Bolachas e Biscoitos
• Tartes, Pudins e Doces de Colher
• Páscoa
• Natal
Nas primeiras páginas, ainda antes das receitas, a autora deixa "conselhos e dicas", que ajudam a garantir o sucesso da sua confeção.
Uma das informações que achei mais interessantes foi a do truque para ver se o fermento ainda está ativo (com o tempo perde as propriedades e pode ser a causa dos bolos e das massas não crescerem): basta colocar uma colher de chá de fermento em água morna e, se fizer bolhinhas, pode ser adicionado à receita. Se não houver reação, perdeu a validade.
A regueifa doce é uma 13 receitas do capítulo dedicado à Páscoa
Receitas doces de conforto, para saborear em família e com os amigos. Esta é uma boa descrição para o conjunto das sugestões do livro, onde não encontramos receitas muito sofisticadas ou complexas, ou que utilizem ingredientes mais raros e alternativos.
Nota-se o gosto de Cristina pelas receitas tradicionais e também pelas receitas práticas, que agradam a todos e costumam passar de mão em mão, que são também o meu tipo de receitas favoritas.
Este estilo de cozinha estava já presente no seu primeiro livro, "As Receitas de Cristina Manso Preto", de que falo no post das panacotas de lima e limão.
É no norte do país que a regueifa doce tem mais tradição
De entre as receitas do livro dedicadas à Páscoa, escolhi a de Regueifa doce, também conhecida por Pão doce ou Regueifa da Páscoa.
Um dos meus pequenos-almoços preferidos é acompanhar a minha chávena almoçadeira de café de fatias torradas deste pão - com manteiga, claro!
Pelo menos uma vez por ano, costumo comprar uma regueifa destas, caseira, num mercadinho de Páscoa solidário.
Mas este ano, pelas razões que todos sabemos, não tive essa oportunidade. Então, se Maomé não vai à montanha... faço eu o Pão doce!
A regueifa doce terá tido origem numa receita galega
Na pesquisa breve que fiz sobre esta receita, descobri que deve ter chegado até nós via Galiza, tendo-se popularizado primeiro no Minho.
As "regueifas galegas" são, curiosamente, cantares ao desafio - atividade muito popular em romarias, onde seria costume comer e partilhar um pão doce, que cá começou por ser chamado "pão espanhol". Parece, portanto, que ainda antes do século XX, importámos tanto a tradição dos cantares como a do pão, e daí terá surgido o nome.
A receita de Regueifa doce que Cristina partilha connosco é a da mãe do seu amigo Hélder (Hélder Reis, apresentador da RTP) - a D. Margarida, a quem a autora agradece a generosidade. E eu também agradeço, porque este pão é maravilhoso!
Voltando ao livro, este é bonito, cuidado e bem estruturado, com receitas doces para várias ocasiões e diferentes apetites.
O meu único reparo vai para o facto das receitas não dizerem qual o seu rendimento (quantas bolachas, quantas fatias...).
Na receita que escolhi, também houve um ou outro detalhe que achei que poderia estar mais claro, mas, de uma maneira geral, as receitas estão bem detalhadas.
Este é, por isso, um livro que recomendo.
A receita destas Regueifas doces, tintim por tintim, segue mais abaixo, a tempo da tua Páscoa, que desejo doce e feliz.
Queres saber mais e comprar o livro? Vê aqui, na livraria Bertrand.
Regueifa Doce
Do livro "Doces", de Cristina Manso Preto
Ingredientes
Para duas regueifas médias
45 g de fermento de padeiro fresco ou 15 g de fermento de padeiro seco (usei do seco)
100 ml de leite morno (usei leite magro)
750 g de farinha (usei T55 sem fermento) + alguma para polvilhar
1 pitada de sal
280 g de açúcar branco
4 ovos + 1 ovo para pincelar
60 g de manteiga amolecida
60 g de vinho do Porto
1 colher de chá de canela em pó (usei menos, 1/2 colher de chá)
Raspa de 1 limão (usei menos, cerca de 1/2 limão)
Método
1.
Começar por fazer o "crescente": numa taça, desfazer ou dissolver o fermento no leite morno, juntar 150 g de farinha e uma colher de sopa do açúcar. Misturar, tapar com película aderente e deixar a levedar cerca de uma hora em ambiente ameno (eu embrulhei a taça numa manta).
2.
Noutra taça, misturar bem os quatro ovos com o açúcar. Juntar a raspa de limão e a canela e adicionar a manteiga amolecida. Juntar o "crescente" e, de seguida, o vinho do Porto - vai ficar uma mistura estranha, pouco homogénea, mas não te preocupes.
3.
Numa bacia grande, colocar a restante farinha (600g) e uma boa pitada de sal e misturar. Abrir uma cavidade e verter aí a mistura anterior. Amassar, partindo de dentro para fora, até a massa começar a ficar homogénea e a descolar. Passar a massa para a superfície de trabalho enfarinhada e adicionar mais um pouco de farinha se estiver a colar. Formar uma bola e colocar numa bacia polvilhada com farinha. Tapar com película, embrulhar numa manta e deixar levedar em local ameno até dobrar de volume, o que deve demorar, no mínimo, uma hora.
4.
Passar para a superfície de trabalho enfarinhada e dividir a massa em quatro porções iguais. Dar a cada uma desses pedaços de massa a forma de um rolo. Unir as pontas de dois rolos, entrançá-los e formar a regueifa. Repetir com os outros dois rolos de massa. Colocar as regueifas num tabuleiro forrado com papel vegetal ou tapete de silicone de forno, bem separadas entre si. Cobrir novamente com película e deixar levedar no mínimo mais uma hora, até se notar que as regueifas cresceram.
5.
Entretanto ligar o forno nos 180º C. Bater o ovo sobrante numa tacinha e pincelar as regueifas. Levá-las ao forno já bem aquecido a cozer durante cerca de 30 minutos - atenção para que não fiquem demasiado escuras e ainda pouco cozidas; se começarem a ganhar cor demasiado depressa, tapar com alumínio e destapar uns 5-10 minutos antes de estarem prontas.
Notas:
- Os meus ovos, caseiros, eram grandes; talvez por isso a massa tenha ficado um pouco mais húmida do que seria suposto e tenha precisado de juntar mais alguma farinha, no ponto 3; nesta segunda levedação, surgiu-me um imprevisto, tive de ausentar-me de casa e a minha massa acabou por levedar durante mais de duas horas - fiquei com receio de que fosse demasiado, mas não!
- Se preferires, podes colocar as regueifas já formadas a levedar em dois tabuleiros separados e levá-las assim ao forno; neste caso, sugiro diminuir um pouco à temperatura do forno e ligar a ventoinha. Trocaria ainda os tabuleiros, de baixo para cima e vice-versa, na última metade do tempo de cozedura;
- Lembra-te que todos os fornos são diferentes, o melhor é ir espreitando!
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